Início da Celebração
Normalmente se inicia a celebração
eucarística com algumas palavras, espontâneas e breves, dirigidas à assembléia
pelo(a) animador(a). A CNBB, no documento sobre "Animação da Vida
Litúrgica no Brasil" pede para que "mais do que uma exortação ou uma
introdução temática", estas palavras do(a) animador(a) situem a celebração
do domingo ou da festa no contexto do tempo litúrgico e das circunstâncias
concretas da vida da comunidade, além de evocar "algumas grandes intenções
subjacentes à oração" (Doc. CNBB 43, n. 237).
Após as palavras do(a) animador(a) seguem-se a
procissão dos ministros e o canto de entrada. No começo não existia canto de
entrada. A celebração começava com a simples saudação: "A paz esteja
convosco". Somente na metade do século VI e início do século VII
encontram-se testemunhos que descrevem o início da missa com o canto de
entrada.
A Instrução
Geral do Missal Romano (IGMR) no número 25 (46 da nova edição) diz que "a
finalidade desse canto é abrir a
celebração, promover a união da assembléia, introduzir no mistério do tempo
litúrgico ou da festa e acompanhar a procissão do sacerdote e dos
ministros".
O canto de entrada é de grande importância para uma
boa celebração. Em seu "Estudo sobre os Cantos da Missa", a CNBB
lembra que o primeiro canto dá o tom para toda a celebração. "Se desde o
início vai mal, reflete-se este mal-estar em toda a celebração; se vai bem
desde o início e se "funciona" como pede a liturgia, cria-se um clima
de otimismo e de euforia que contagiará toda a celebração" (Est. CNBB 12,
p.14). Por isso, o canto de entrada não pode ser escolhido só porque se gosta
deste ou daquele canto. O que conta é se
sua letra e também sua musicalidade permitem entrar no "mistério do tempo
litúrgico ou da festa" celebrada naquele dia.
Para "promover a união da
assembléia", o canto de entrada deve ser conhecido por todos. Sua execução deve ser alternada entre o povo
que canta o refrão e o coral, ou o solista que cantam as estrofes. Desta forma
os fiéis podem mais facilmente olhar a entrada dos ministros.
A letra do canto de entrada, como
aliás, de todos os cantos litúrgicos, deve ter inspiração bíblica. A antífona
de entrada com seu respectivo salmo deveria ser a sua primeira e principal
fonte de inspiração. O Hinário Litúrgico da CNBB segue a risca esta orientação.
Deveríamos conhecer melhor este material que a Igreja do Brasil coloca ao
alcance de nossas mãos.
O valor simbólico do canto de
entrada é muito forte. Ele faz com que homens e mulheres de todas as idades, origens,
meios e condições sociais se reunam num mesmo lugar como irmãos e irmãs. Ele
permite que a assembléia, logo no início da celebração, apesar de sua grande
diversidade, se sinta como se fosse um só corpo, o Corpo de Cristo (Rm 12,5;
1Co 10,17; 12,12.27). A CNBB orienta que "pode ser útil prolongar o tempo
deste primeiro canto, para que atinja sua finalidade" (Doc. CNBB 43,
n.238).
Procissão de Entrada
Depois de breves palavras por parte
do comentarista, inicia-se a missa com a procissão de entrada. O
documento 43 da CNBB, sobre a animação da vida litúrgica no Brasil, lembra que
"há possibilidade de uma grande variedade nesta procissão. O Missal Romano
prevê, se oportuno, o uso de cruz processional acompanhada de velas acesas,
turíbulo já aceso, livro dos Evangelhos ou Lecionário. Outras circunstâncias
poderão sugerir novos elementos como círio pascal, água benta, bandeira do padroeiro
numa festa de santo, ramos, cartazes com dizeres, participação de
representantes da comunidade (adultos, jovens, crianças)".
Nos primórdios da Igreja a procissão
de entrada era muito solene. Era feita, quase sempre, de uma igreja para outra.
Com o tempo o presidente da celebração passou a se paramentar diante do altar.
Hoje, com a reforma litúrgica, prescrita pelo Concílio Vaticano II,
recuperou-se o valor desta procissão. Em alguns lugares, voltou-se a fazer,
inclusive, a procissão de uma igreja para a outra, principalmente no período da
Quaresma.
O sentido desta procissão deve ser
buscado no contexto mais amplo da caminhada que as pessoas fazem de suas casas
até a igreja. Ela lembra que somos peregrinos neste mundo a caminho da casa de
Pai.
O grande liturgista, cardeal Giacomo Lercaro,
orientava que esta procissão devia ser feita com muita consciência e cuidado,
pois não é um simples símbolo, mas contém uma realidade muito profunda.
"Caminhando para o altar, dirigimo-nos para o Cordeiro, que no altar está
vivo e triunfante (Ap 5,6). É toda a realidade, infra-humana e humana; é a
Igreja particularmente que se torna comunidade peregrina, desejando
finalizar-se em Deus".
"Executado o canto de entrada, o sacerdote, de pé
junto à cadeira, junto com toda a assembléia faz o sinal da cruz" (IGMR
28, na nova edição, 50).
Provavelmente o sinal da cruz foi prática muito comum
entre os primeiros cristãos, pois é uma espécie de resumo da fé. Santo
Agostinho e São Jerônimo relatam que os cristãos de seu tempo o traçavam na
fronte, sobre os lábios e sobre o peito. O uso de iniciar a missa com o sinal
da cruz, já se encontra registrado nas Constituições Apostólicas, um escrito do
século IV. Este sinal lembra, em primeiro lugar, que a Missa é a memória do
sacrifício de Cristo na Cruz. O que é proclamado e realizado no auge da
celebração já é, como que anunciado, no seu início. O sinal da cruz, no início
da Missa, lembra também que participar da missa é um privilégio de quem já foi
batizado. Na Igreja dos primórdios, nem mesmo os catecúmenos, que já eram
considerados cristãos, podiam participar da missa. O povo de Deus só começou a
comer o maná depois que passou pelo Mar Vermelho, da mesma forma, só quem já
passou pelas águas e foi batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
pode participar do banquete eucarístico. Fazer o sinal da cruz no início da
missa significa também que a Eucaristia, bem como toda ação litúrgica, é obra
da Santíssima Trindade. Por ela, "o Pai, por Cristo e no Espírito Santo
santifica a Igreja e, por ela o mundo; o mundo e a Igreja, por sua vez, por
Cristo e no Espírito Santo dão glória ao Pai" (Puebla 917).
Altar
"Chegando ao altar, o sacerdote,
feita a devida reverência, beija-o e, se for oportuno, incensa-o"(MR 2).
Este é um rito cheio de sentido que demonstra nosso respeito e veneração, pois,
para nós "o altar é Cristo".
Fundamentados na carta aos Hebreus (cf. 13,10), os
cristãos, desde sempre, viram no altar "a imagem do Corpo de Cristo"
(Santo Ambrósio). Comentando a passagem do Evangelho de Mateus em que Cristo pergunta aos
seus interlocutores o que é mais importante - o dom ou o altar que consagra o
dom" (Mt 23,18-19), Santo Agostinho afirma que, por altar, se deve
entender o próprio Cristo e, por dom, os louvores, as orações e sacrifícios que
oferecemos, já que não são as oferendas que santificam Cristo, mas Cristo que
santifica as oferendas.
A reverência ao altar no início da missa não é um rito
isolado e único. Pelo contrário, a Igreja presta homenagem ao altar com muitos
outros gestos e ritos. O mais importante e solene de todos é o rito de
consagração ou dedicação do altar.
Na igreja, o altar deve ocupar "um lugar que seja
de fato o centro para onde espontaneamente se volte a atenção de toda a
assembléia dos fiéis" (IGMR 299). Com outras palavras, o altar "é o
centro da ação de graças que se realiza pela Eucaristia" (IGMR 296) ou,
como se canta no prefácio de sua dedicação, o altar é "o lugar
privilegiado onde sempre se oferece, no mistério, o sacrifício de Cristo".
Dele "sobe a Deus o louvor perfeito". Nele, segundo a expressão de
são Paulo, "se come a ceia do Senhor" (1Co 11,20).
Cristo é um só, por isso, em nossas
igrejas, o altar é um só. Cristo é a pedra viva e angular (1Pd 2,4; Ef 2,20),
por isso, embora se possa usar outro material nobre, sólido e esmeradamente
trabalhado, seria bom manter o tradicional e significativo costume de se erigir
altares de pedra (IGMR 301).
O respeito ao altar se manifesta
também na sua ornamentação que deve ser bonita, mas, ao mesmo tempo, discreta e
moderada. Não se coloque nada sobre o altar, além das coisas estritamente
necessárias para a celebração da missa, ou seja: "o Evangeliário, do
início da celebração até a proclamação do Evangelho; desde a apresentação das
oferendas até a purificação dos vasos sagrados, o cálice com a patena, o
cibório, se necessário, e, finalmente o corporal, o purificatório, a pala e o
missal. Além disso, se disponham de modo discreto os aparelhos que possam
ajudar a ampliar a voz do sacerdote. [...]. Haja também sobre o altar ou perto
dele uma cruz com a imagem do Cristo crucificado que seja bem visível para o
povo reunido. Convém que tal cruz, que serve para recordar aos fiéis a paixão
salutar do Senhor, permaneça junto ao altar também fora das celebrações
litúrgicas" (IGMR 305-308).