I
Depois da oração de pós-comunhão segue-se a conclusão
da missa que consta de: a) breves comunicações se forem necessárias; b)
saudação e bênção do sacerdote, que em certos dias e ocasiões são enriquecidas
e expressas pela oração sobre o povo, ou por uma fórmula mais solene; c)
despedida do povo pelo diácono ou pelo sacerdote, para que cada qual retorne às
suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus; d) o beijo ao altar pelo
sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo
sacerdote, o diácono e os outros ministros (IGMR 90).
Os ritos finais não são gestos
simplesmente funcionais. Eles contêm em si um sentido muito profundo. Assim
como foram reunidos por iniciativa do Pai, os fiéis agora são enviados para uma
missão que lhes é confiada. Um canto que, não faz muito tempo, era cantado por
todo o Brasil expressa muito bem este sentido. Diz o canto: “Voltamos para casa
com Deus no coração, a missa terminou começou nossa missão”.
Sempre foi assim. Depois de um
encontro com Deus somos enviados em missão. Moisés , depois da experiência da Sarça
Ardente, foi enviado para libertar seu povo da escravidão egípcia (cf. Ex
3,1ss). A Elias, depois de se comunicar no murmúrio de uma brisa suave, o
Senhor ordenou: “Vai e volta por teu caminho...” (1Rs 19,12-15). Isaías, diante
da glória do Senhor que estava vendo, generosamente se prontifica: “Aqui estou!
Envia-me” (Is 6,1-9). Os discípulos de Emaús, entreolhando-se, exclamaram: “Não
estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos
explicava as Escrituras?” E, naquela mesma hora, levantaram-se e voltaram para
Jerusalém a fim de partilhar com os irmãos a alegria de terem encontrado o
Senhor (Lc 24,13-35). A comunidade cristã de Antioquia, depois de ter celebrado
a Eucaristia, envia Paulo e Barnabé em missão (At 13,1-4).
Se a missa parar aí, nos ritos
finais, significa que foi apenas um rito vazio, um culto formal e divorciado da
vida, muitas vezes criticado pelos profetas, já no Antigo Testamento (cf Am
5,21-24; Is 58,6-8; Os 6,6; Mq 6,6-8).
O Papa João Paulo II, chamando a atenção para este
momento da missa, assim se expressa: “A despedida no final de cada missa
constitui um mandato, que impele o
cristão para o dever de propagação do Evangelho e de animação cristã da
sociedade” (MND 24). A Instrução Eucharisticum
Mysterium afirma que “a união com Cristo a que se destina o próprio
sacramento não deve ser procurada apenas durante o tempo da celebração
eucarística, mas também estendida a toda a vida cristã, de tal forma que os
fiéis, contemplando continuamente o dom recebido, guiados pelo Espírito Santo,
levem a vida cotidiana em ação de graças, e produzam frutos mais abundantes de
caridade” (EM 38). O Papa Bento XVI, na exortação apostólica pós sinodal Sacramentum Caritatis, confirma este
mesmo ensinamento com estas palavras: “Não podemos abeirar-nos da mesa
eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo
do próprio Coração de Deus, visa atingir todos os homens; assim, a tensão
missionária é parte constitutiva da forma eucarística da existência cristã”
(SaC 84). Trata-se portando de confessar a fé, não só durante a celebração, mas
durante toda a vida, de confessar Deus não só com palavras e com os lábios, mas
com as obras e o coração.
Para que os fiéis percebam o sentido
profundo destes ritos é preciso que, também aqui, não se tenha pressa e se faça
tudo com calma e senso de ritualidade.
II
Comunicações:
A missão que se inicia após a missa deve ser organizada e articulada. Daí a
importância e, até mesmo, a necessidade das comunicações. Cuide-se, porém, que
sejam breves, objetivas, claras e devidamente motivadas, para maior
envolvimento da comunidade. Embora as normas prescrevam que sejam feitas pelo
diácono ou pelo sacerdote (IGMR 184), podem também ser feitas pelas pessoas
ligadas às iniciativas que estão sendo anunciadas (AVLB 327). Este é também o
momento para breves homenagens. Pode ser usado ainda para uma breve monição,
muito importante, aliás, nas missas com crianças. “Elas necessitam que antes de
despedi-las, se lhes dê, em breves palavras, uma certa repetição e aplicação do
que ouviram. É sobretudo neste momento que convém fazê-las compreender o nexo
entre a liturgia e a vida” (DMC 54).
É bom lembrar que as comunicações fazem parte dos
ritos finais. Não devem, portanto, ocupar o espaço de silêncio, após a
comunhão, que tem outra finalidade. Alguns fiéis têm o péssimo costume de
retirar-se da assembléia neste momento das comunicações. Quem assim procede,
com certeza não se sente membro da comunidade, pois não se interessa com o que
nela acontece. Esta atitude demonstra também que tais pessoas ainda não
compreenderão o verdadeiro sentido da Eucaristia, e que dela participam apenas
por motivos devocionais, ou jurídico-morais.
Saudação e bênção: A prática
de concluir a missa com uma bênção é muito antiga. Pode-se considerar uma
tradição nascida por volta do século III. Parece fundamentar-se na bênção dada
por Jesus aos seus discípulos no momento de sua ascensão ao céu. Através da
bênção o sacerdote implora a proteção e a ajuda de Deus para a assembléia que
retorna aos afazeres do dia a dia. “Em certos dias e ocasiões, esta bênção é
enriquecida e expressa, conforme as rubricas, pela oração sobre o povo ou outra
fórmula mais solene” (IGMR 167). No Missal encontram-se vinte e seis
formulários de oração sobre o povo e vinte duas fórmulas de bênçãos solenes. A
oração sobre o povo provém da tradição romana mais antiga. Como o nome deixa
entender, o sacerdote deve pronunciá-la com as mãos estendidas sobre a
assembléia. A bênção solene, composta de três invocações, é proveniente da
liturgia galicana. Os formulários apresentados pelo Missal abrangem quase todo
o ano litúrgico. Expressam em cada uma das fórmulas a riqueza e beleza próprias
do mistério celebrado. Os bispos do Brasil orientam que em acontecimentos
especiais, tais como jubileus e outras circunstâncias semelhantes, a bênção
final inclua também uma bênção especial para o casal ou pessoas determinadas,
como acontece nas missas de ordenação e profissão religiosa (AVLB 331).
Despedida do povo:
Imediatamente após a bênção o sacerdote ou o diácono despede o povo com uma das
fórmulas previstas (IGMR 168, 185):Ide em paz, e o Senhor vos acompanhe; A
alegria do Senhor seja vossa força; ide em paz e o Senhor vos acompanhe;
Glorificai o Senhor com vossa vida; ide em paz e o Senhor vos acompanhe; Em
nome do Senhor, ide em paz e o Senhor vos acompanhe; Levai a todos a alegria do
Senhor ressuscitado; ide em paz e o Senhor vos acompanhe. A resposta do povo é
sempre a mesma: Graças a Deus. A despedida pode ser relacionada com o Evangelho
que foi proclamado, contato que não se faça uma nova homilia, pois se trata de
uma simples motivação para que os fiéis retornem “às suas boas obras, louvando
e bendizendo a Deus” (IGMR 90).
Veneração do altar: Sacerdote
e diácono beijam o altar, em seguida com os outros ministros fazem profunda
inclinação e se retiram pelo caminho mais curto, o contrário da procissão de
entrada que deve ser mais longa. O povo sai ordenadamente, sem correr e com
respeito. Embora o Missal não preveja nenhum canto para este momento, não
parece fora de propósito, a assembléia se dissolver com um canto executado pelo
grupo de cantores. Pode-se colocar também uma gravação. O importante é que, no
fim da missa, haja, na medida do possível, uma verdadeira despedida humana e
fraterna (AVLB 3320).