Ritos - Quadro histórico

Os caminhos da Espiritualidade Litúrgica
Origem histórica e Evolução dos Ritos da Celebração Eucarística (Séculos II-XV)
Apontamentos de Aula – ITESP, 2009.
                                                                                    Prof. Pe. Nivaldo Feliciano Silva, CS             

Período

Ritos iniciais[1]

Liturgia da Palavra[2]

Preparação do Altar

Oração
Eucarística

Rito da Comunhão

Ritos Finais

Séculos
II e III

Língua grega

Não há rito de entrada. Entra em procissão cantando[3] e faz-se uma oração

Lê-se a memória dos Atos dos Apóstolos. Textos dos profetas. Faz-se a homilia.[4]Oração universal
Ósculo da Paz. Apresentação das oferendas (pão e vinho com água) ao presidente da celebração

Já existe em forma de Diálogo. Narração. Memorial. Epíclesis. Recordação dos defuntos

Fração do Pão e Comunhão

Realização de coletas para ajudar outras igrejas e pessoas necessitadas da comunidade.


Século IV
Língua latina

Igual à época anterior
Introduz-se o canto dos salmos entre as leituras. Canta-se o Aleluia.[5]Homilia.  Despedida dos catecúmenos. Oração dos fiéis
Ósculo da Paz. Apresentação das oferendas feita pelos fiéis (doações), apresentação dos dons do pão e do vinho.

Oração eucarística com diálogo. Santo. Narração memorial. Epíclesis. Recordação dos defuntos

Fração do pão. Pai Nosso. Introdução da fórmula: O corpo de Cristo. Amém.



Saudações e despedida

Séculos
V e VI
Reforma Gregoriana

Introduz-se o canto de entrada, o Kyrie Eleison[6] e o Glória.[7]Reza-se a Oração de coleta[8] como conclusão do rito de entrada.

Fixam-se a proclamação de três leituras: AT, NT e Evangelho. Salmo Responsorial. Aleluia. Homilia. Despedida dos catecúmenos. Oração dos fiéis.

Procissão das oferendas acompanhada de um canto apropriado. Oração sobre as oferendas.

Oração eucarística com diálogo. Nesse período multiplicam-se os prefácios. Segue-se a narrativa da instituição ou memorial, a epíclesis, a recordação dos defuntos e a Doxologia.
Introduz-se o rito de comunhão com a oração do Pai Nosso e sua respectiva conclusão.  Mistura do pão e do vinho. Realiza-se a bênção dos que vão comungar. Beijo da Paz e canto de comunhão.

Oração final, oração sobre o povo, despedida e bênção final.

Séculos
VII e VIII
Influencia do Oriente: acrescenta-se luzes e incenso; ajoelha-se e amplia-se o números das vestes litúrgicas.

Presidente: realiza a prostração e beijo do altar.[9] Conclui-se esse momento com uma oração.

Chama-se à primeira leitura de Epístola; proclama-se o Salmo responsorial; canta-se o Aleluia, incensa-se o Evangelho[10] e faz-se a Homilia. Desaparece a despedida dos catecúmenos e a oração dos fiéis.

Oferendas dos fiéis, canto que acompanha a oração, lavabo das mãos.

Oração eucarística igual que na fase anterior; acrescenta-se a recordação dos vivos.
Segue-se a oração do Pai Nosso com uma introdução e uma conclusão. Introduz-se o canto do Cordeiro de Deus enquanto é realizada a fração do Pão. Beijo da paz entre os que vão comungar. 

Se introduz a purificação do cálice.

Segue a mesma estrutura anterior: oração, bênção e despedida da assembléia.

Séc. IX-XI
Introdução de orações privadas ou apologias
Introduz-se na procissão de entrada o uso dos círios e da cruz que se coloca sobre o altar, além de umas orações feitas ao pé do altar: Por exemplo – Confesso a Deus (Ato penitencial)...  Saudação do Presidente.[11]
A liturgia da Palavra se mantém como na época anterior. Porém, acrescenta-se o Credo.[12]
Se suprime o uso do pão ázimo. Seguem-se os demais ritos vindos do período anterior.
Acrescenta-se à Oração Eucarística alusões aos santos e pessoas presentes. Tem-se início  à oração em voz baixa, beija-se o altar.
Tudo igual à época anterior. No entanto, começa a dar a comunhão na boca e a recitar   orações durante a purificação do cálice.
Ver época anterior. Porém, a oração sobre o povo só se faz na Quaresma.

Sécs.
 XII-XV
Orações e gestos de devoção
Colocam-se luzes fixas sobre o altar. As demais partes seguem como na época anterior.
Liturgia da Palavra Igual à época anterior.
Segue conforme a época anterior, e introduz-se as orações de bênção para o pão e o vinho.
A Oração eucarística continua igual. Introduz-se uma enorme quantidade de beijos sobre o altar, além de cruzes sobre a patena e o cálice.
Tudo conforme a época anterior. Introduz-se a comunhão de joelho e suprime-se a comunhão com o cálice.
Tudo igual à época anterior. Acrescenta-se a leitura do Prólogo do Evangelho de São João.





[1] Estes ritos têm solene ingresso no século VI com a Missa Papalis.
[2] Atestada desde os primeiros séculos (séc. II) por São Justino, em sua Apologia I, cap. 65.
[3] O canto de ingresso é atribuído pelo Líber Pontificalis ao Papa Celestino I (422-431.
[4] Prática exercida desde o início do cristianismo, testemunhada por São Justino na Apologia I.
[5] Missa Bsilicae.
[6] Existe uma notificação de sua origem em Etéria e nas Constituições dos Apóstolos; é citado por Gelásio (fim do séc. V). Passou à missa romana no tempo do Papa S. Gregório Magno.
[7] Este hino já era cantado no século II ou III. A versão que temos agora np Missal é a do Codex Alexandrinus do séc V. Originalmente não foi composta para a missa, mas, para a oração da manhã. A partir do século XI passou definitivamente ao rito.
[8] Embora já apareça com São Justino, essa oração foi introduzida no final do séc. V, no pontificado de São Leão Magno, na Missa Basilicae.
[9] Passa-se definitivamente para a liturgia no inicio da formulação do Ordo I, séc. XI.
[10] Na Missa Papalis – Missa Affectus.
[11] Cf. Ordo I, séc. XI.
[12] A profissão de fé foi introduzida na liturgia eucarística do oriente no séc. V ou VI. Na Espanha no séc. VI e em Roma a partir do séc. XI. A fórmula adotada é a do Concílio de Nicéia (325).