Celebrações da Palavra de Deus - Gotas de Liturgia
Alberto Bekeuser
Aqui vamos tratar das celebrações da Palavra de Deus
independente dos sacramentos. O Concílio do Vaticano II, pela Constituição
Sacrosanctum Concilium, recomenda as celebrações da Palavra de Deus em si
mesmas, nos seguintes termos: “Incentive-se a celebração sagrada da Palavra de
Deus, nas vigílias das festas mais solenes, em algumas férias do Advento e da
Quaresma, como também nos domingos e dias santos, sobretudo naqueles lugares
onde falta o padre. Neste caso seja o diácono ou algum outro delegado pelo
Bispo quem dirija a celebração” (SC 35,4).
Em 1988,
a então Congregação do Culto Divino publicou um
Diretório para as Celebrações Dominicais na Ausência do Presbítero. Este
Diretório foi contemplado pela Conferência dos Bispos do Brasil através do
documento “Orientações para a Celebração da Palavra de Deus” (Documentos da
CNBB, n. 52). Constituem ótimas diretrizes.
A partir dessas orientações queremos dizer uma palavra sobre
as celebrações da Palavra de Deus, fora do contexto da Missa e dos sacramentos.
A celebração da Palavra de Deus não está necessariamente ligada aos
sacramentos. Em si mesma ela tem sentido, pois torna presente o mistério do
Cristo pregando a boa-nova do Evangelho. Esta forma de celebração da comunidade
eclesial nos nossos dias está se tornando cada vez mais frequente e necessária,
sobretudo, nas comunidades com falta de sacerdotes.
Estas celebrações distinguem-se dos grupos de reflexão
bíblica, embora muitas vezes estejam ligadas a eles. Elas seguirão também certo
esquema, que não é exatamente o da Missa. Haverá um grande espaço de liberdade
e de criatividade.
Constará, normalmente, das seguintes partes: I. Abertura –
um canto, saudação bíblica ou o “Em nome do Pai”, ato penitencial (que pode ser
realizado também após as leituras), invocação do auxílio de Deus, invocação
Espírito Santo, oração do dia. Pode-se escolher um ou outro elemento ou dar
ênfase a algum dos elementos, diferente dos da Missa. II. Proclamação da
Palavra – leitura da Bíblia, não faltando um trecho do Evangelho, seguida de
reflexão, partilha e eventual leitura explicativa dos textos, quando não
presidida por presbítero ou diácono, ou outros textos eclesiais de
aprofundamento. III. Resposta à Palavra de Deus – preces; pedido de perdão,
oração de louvor, ladainhas, que pode ou não terminar com a Comunhão
sacramental. Nunca faltará a oração do Pai-nosso. Mas não se deve jamais tomar
como oração de louvor a Oração eucarística. Quando não houver Comunhão
sacramental, poderá haver um gesto de comunhão, seja a coleta, seja a saudação
da paz ou saudação fraterna. IV. Agradecimento e despedida – far-se-á por uma
oração ou preces espontâneas ou algum canto apropriado. Fazem-se as
comunicações necessárias e finalmente, se invoca a bênção. O ministro
não-ordenado não traça o sinal da cruz sobre a comunidade. Pode-se encerrar a
celebração com um canto final ou de encerramento.
Parece importante conservar ao menos o esquema da
celebração, para que os participantes possam acompanhar mais facilmente.
Importante será a escolha das leituras bíblicas. Convém que tal escolha seja
feita a partir do Ano Litúrgico ou dos tempos e festas celebrados pela Igreja
ou a partir de fatos especiais da comunidade que serão iluminados pela Palavra
de Deus. Esta celebração da Palavra de Deus quer levar sempre à conversão dos
corações. Daí a importância da resposta orante na celebração e na vida. Nada de
ficar copiando o esquema da Missa. O que é próprio da Missa não se usa na
Celebração da Palavra, como o Senhor, o Glória, o Santo, o Cordeiro.
Gostaria de lembrar a coleção de seis volumes “Dia do
Senhor, Guia para as Celebrações das Comunidades”, Apostolado
Litúrgico/Paulinas, que apresenta vários esquemas para todo o Ano Litúrgico e a
Comemoração dos Santos.