Elementos da natureza como símbolos na Liturgia - Gotas de
Liturgia
Alberto Bekeuser
A linguagem usada pela Liturgia para evocar os mistérios de
Cristo e atualizá-los aqui e agora na comunidade cristã vai além das palavras.
Nela entram todos os sentidos e ela passa por todos os elementos da natureza.
Na Sagrada Liturgia, a Igreja lança mão de elementos da natureza como símbolos
ou sinais sensíveis e significativos dos mistérios celebrados.
Quanto mais os símbolos estão ligados à vida, mais fortes e
significativos eles serão. Assim, o ser humano comunica-se com Deus através
aquilo que ele é, de maneira encarnada, enquanto nele se encontram os elementos
da natureza, como a terra, a água, o ar e o fogo. Os símbolos falam por si.
Podemos apenas explicitar, desdobrar, introduzir no seu limiar para que a
pessoa possa entrar no interior do templo e experimentar seu mistério.
Entre os elementos da natureza usados na Liturgia queremos
citar alguns:
1. Luz e trevas: – Nunca podemos dizer plenamente o que
significa a luz em oposição às trevas. Quando alguém nasce, dizemos que veio à
luz. A mãe dá à luz o filho. Morre alguém, dizemos que fechou os olhos. Sem luz
não existe vida. A luz do sol dá vida a todas as cosias; por ela tudo recebe
forma, colorido e beleza. O sol ilumina e aquece. Pelo fato de a luz estar tão
intimamente ligada à vida a ponto de podermos dizer que é vida, o símbolo da
luz torna-se tão frequente em nosso linguajar para designar as realidades mais
profundas que desejamos expressar de alguma forma. Cristo apresenta-se como luz
do mundo e seus discípulos são chamados a também serem luz a iluminar as
trevas. A luz simboliza o próprio Deus. Fiquemos, pois, bem atentos ao uso
frequente da luz na Liturgia.
3. O óleo: – O óleo é usado com frequência na Liturgia. Duas
vezes no Batismo, na Confirmação, na Unção dos Enfermos, na Ordenação
episcopal, na Ordenação presbiteral, bem como na dedicação de igrejas e
altares. O óleo na Liturgia está intimamente relacionado com a ação do Espírito
Santo. O tema merece uma abordagem mais ampla.
4. O pão e o vinho: - Como o óleo, o pão e o vinho são
frutos da terra e do trabalho do homem. Pão e vinho constituem um dos símbolos
mais eloquentes na Liturgia cristã. No plano da graça querem expressar o que
significam no plano natural: vida, partilha, confraternização. Também o pão e o
vinho merecem uma abordagem mais rica.