Graças a Deus - Gotas de Liturgia
Alberto Bekeuser
A resposta ao envio no fim da missa é Graças a Deus! Não,
graças a Deus que a Missa terminou, mas Graças a Deus porque pudemos viver a
Missa, porque pudemos dar graças a Deus por Cristo; graças a Deus porque
pudemos renovar a aliança com Deus; graças a Deus porque pudemos receber seu
Filho em alimento para prosseguirmos na caminhada rumo à casa do Pai.
Toda a Missa foi uma ação de graças, um louvor, um
agradecimento e um reconhecimento pelos benefícios recebidos, particularmente
pela bênção por excelência, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. E agora, no
fim da celebração, dizemos mais uma vez Graças a Deus! Vamos desfazer esta
assembleia eucarística, mas prolongaremos em nossa vida a ação de graças vivida
na Missa. Vamos dar graças a Deus, transformando a nossa vida numa ação de
graças a Deus e ao próximo. Como? Vivendo a nossa vocação e missão de
batizados, cada qual no seu estado de vida, exercendo sua profissão.
De fato, existe um movimento da Missa para a vida e da vida
para a Missa. Nossa resposta ao Senhor que nos deu tudo, até seu próprio Filho,
não pode restringir-se ao tempo da Celebração eucarística. Deve ser uma
resposta concreta, através de nossa vida diária. Trata-se de viver o novo
mandamento. Na Eucaristia o cristão realizou sua vocação última de rei,
sacerdote e profeta, vivendo o Mistério da fé, oferecendo-se com Cristo ao Pai,
elevando tudo a Deus na ação de graças, dando testemunho da Morte e Ressurreição
de Cristo. Ele parte, então, com a missão de viver esta sua vocação no serviço
fraterno. De cada Celebração eucarística o cristão leva uma realidade, o
Cristo. Ele o leva ao próximo como Caminho, Verdade e Vida, como luz do mundo e
sal da terra. De cada Celebração eucarística o cristão leva uma mensagem de
justiça e de paz. O homem eucarístico não será, pois, a pessoa dos braços
cruzados, já de posse do paraíso, mas o agente do progresso integral do ser
humano, uma pessoa engajada na sua missão de sacerdote, profeta e rei da
criação.
Assim, a vida não será apenas uma ressonância da Celebração
eucarística, tornando-se ela também uma ação de graças, uma glorificação do
Pai, um agradecimento, uma profissão de fé, um exercício de sua vocação de
sacerdote, rei e profeta. A vida diária, o seu engajamento humano torna-se uma
ação de graças para Deus e para o próximo e todo o criado, uma preparação para
a seguinte Celebração eucarística.
Para o cristão não poderá haver duas Eucaristias iguais. De
uma para a outra a pessoa cresceu, abraçou novas realidades, encontra-se diante
de Deus de modo diverso, de modo novo. Está diante do Pai com Cristo, no
Espírito Santo com aquela parcela do mundo que ele conquistou, ou melhor, que
ele conseguiu servir. Ele está diante do Pai e com o Pai com aqueles que ele
conseguiu abraçar no amor, levando a eles o Cristo.
Os dons do pão e do vinho, que pela Ação de graças se
transformam, são símbolo daquilo que o homem conquistou por Cristo, procurando,
a exemplo dele, a vontade do Pai em tudo. Para isso, é preciso que o homem
saiba oferecer um banquete. Mais ainda, é preciso transforma-se em banquete, a
exemplo de Cristo. É preciso que ele se transforme em pão e vinho para os seus
irmãos; que se dê em alimento e bebida a serviço da vida do próximo,
tornando-se uma bênção a exemplo de Cristo. Assim, a nossa vida cristã
corresponderá sempre mais àquilo que celebramos para que a nossa Eucaristia
seja cada vez mais verdadeira. Desta forma, podemos dizer que a Eucaristia é
lava-pés, que a Eucaristia é serviço fraterno. Trata-se de celebrar e de viver
a Eucaristia.