Jesus Cristo o centro da Liturgia - Gotas de Liturgia
Alberto Bekeuser
A Liturgia é obra da Santíssima Trindade na celebração da
Obra da Salvação realizada por Cristo comemorada pela Igreja. Assim, podemos
dizer que o Centro da Liturgia é Jesus Cristo, seus mistérios, sintetizados no
mistério pascal de sua morte e ressurreição.
Toda celebração litúrgica da Igreja, a celebração dos
sacramentos ou outras celebrações dos mistérios de Cristo, sempre fazem memória
de Jesus Cristo. Tudo deve, pois, convergir para Cristo e nada desviar deste
Centro.
Quem representa ritualmente esse Centro, nas celebrações?
São pessoas ou coisas que representam Cristo, como diz o
número a Sacrosanctum Concilium: “Para levar a efeito obra tão importante Cristo
está sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente
está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, ‘pois aquele que
agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu
na Cruz’, quanto, sobretudo, sob as espécies eucarísticas. Presente está pela
sua força nos sacramentos, de tal forma que quando alguém batiza é Cristo mesmo
que batiza. Presente está pela sua Palavra, pois é Ele mesmo que fala quando se
leem as Sagradas Escrituras na igreja. Está presente finalmente quando a Igreja
ora e salmodia, Ele que prometeu: ‘Onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome, aí estarei no meio deles’ (Mt 18,20)” (SC 7).
Cristo, que está presente e age pelo seu Espírito na Sagrada
Liturgia, manifesta-se, portanto, de vários modos. 1. Nas sagradas espécies do
pão, e do vinho com água. Daí, a sacralidade do momento da apresentação dos
dons, da preparação do altar, da consagração e da Sagrada Comunhão. 2. No
ministro. Mas, o ministro que, nos principais sacramentos é o sacerdote, está a
serviço da Liturgia e da assembleia. Ele não pode e não deve ser o centro das
atenções. Ele preside em nome de Cristo e representa Cristo. “Quando celebra a
Eucaristia, ele deve servir a Deus e ao povo com dignidade e humildade, e, pelo
seu modo de agir e proferir as palavras divinas, sugerir aos fiéis uma presença
viva de Cristo” (IGMR, n. 93). Os fiéis não irão participar da Missa por causa
deste daquele padre, mas por causa de Cristo. Portanto, nada de vedetismo ou de
showman. 3. Está presente na Palavra. O leitor não é o centro, mas é Cristo que
está falando. Ele está a serviço da Palavra de Deus. Que sublime ministério o
de proclamar a Palavra de Deus na assembléia celebrante! 4. Na assembléia. A
assembléia constitui o Corpo de Cristo, formado de muitos membros, mas formando
um só corpo. Daí as ações comuns da assembleia na celebração, as posições
comuns do corpo, os gestos e as palavras. Todos os demais ministérios também
devem expressar a presença de Cristo que serve. Pensemos diáconos; depois, no
salmista, nos acólitos, nos coletores, no comentarista, no grupo de cantores,
no animador do canto, nos instrumentistas. Todos devem lembrar Cristo e servir
a Cristo, servindo à assembléia. 5. O espaço celebrativo, a igreja. Nela
existem, sobretudo, três centros, sinais da presença e da ação de Cristo, a
serviço da assembleia, e nos quais se concentra a atenção da mesma. São eles o
altar que é Cristo, o ambão, em que a Palavra é Cristo, e a cadeira do
Presidente, que age em nome de Cristo. Temos, portanto, o Cristo presente no
altar, na mesa da Palavra e cadeira de presidência. O centro de convergência de
todo o espaço deverá ser, pois, o altar.
Tudo fala de Cristo, tudo deve transmitir um clima sagrado
de nobre simplicidade. O altar é despojado, coberto de ao menos uma toalha de
cor branca, a cor sacerdotal. Não pode ser um depósito de tudo quanto é
bugiganga. Tudo estará centralizado em Cristo Jesus.