Rito de encerramento - Gotas de Liturgia

Rito de encerramento - Gotas de Liturgia
Alberto Bekeuser


Toda celebração litúrgica possui um rito de abertura ou ritos iniciais e um rito de encerramento. Os Ritos de encerramento da Missa têm o caráter de conclusão, de despedida e de envio. Comecemos a analisar os Ritos de Encerramento.

A Instrução Geral do Missal Romano apresenta os elementos dos Ritos de Encerramento desta forma:

“Aos ritos de encerramento pertencem: a) breves comunicações, se forem necessárias; b) saudação e bênção do sacerdote, que em certos dias e ocasiões é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo, ou por outra fórmula mais solene; c) despedida do povo pelo diácono ou pelo sacerdote, para que cada qual retorne às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus; d) o beijo ao altar pelo sacerdote e o diácono e, em seguida, a inclinação profunda ao altar pelo sacerdote, o diácono e os outros ministros” (IGMR, n. 90). Temos fundamentalmente a saudação, a bênção e a despedida ou envio. Quem é abençoado é também chamado e enviado a abençoar.

Comunicações necessárias:

Hoje queremos abordar um elemento, o menos importante, dos Ritos de encerramento, ou seja, Comunicações necessárias.

Antes dos ritos finais propriamente ditos, pode haver breves comunicações, se forem necessárias. Não são chamadas avisos e não deveriam constituir um verdadeiro “Jornal Nacional”. Os ritos de encerramento deveriam brotar naturalmente do clima do rito da Comunhão. Toda a celebração vai convergindo para a comunhão, para o silêncio, resultado da plenitude, da saciedade. Por isso, nada de avisos ou comunicações logo após a Comunhão, antes da Oração depois da Comunhão. Nada de ruídos dispersivos. Hoje, no Brasil, com aprovação da CNBB e da Sé Apostólica, em vez do canto final, que não existe na estrutura da Missa, pode-se entoar ainda um canto devocional, eventualmente, em honra de Nossa Senhora. Ele é facultativo. Neste espaço mais livre entre a Oração depois da Comunhão e os Ritos de encerramento, há lugar ainda para alguma breve mensagem final.

A sensação de plenitude, de saciedade, gerada por toda a celebração, especialmente, pela Sagrada Comunhão, não deve ser desfeita. A celebração deve fluir harmoniosamente para o seu fim. Até a dispersão transmitirá um clima de interioridade, de conversa moderada, pois todos, como irmãos e irmãs acolheram em si o Senhor Jesus, plena vida e amor total.

Na descrição dos Ritos finais na Instrução Geral se diz: “Terminada a oração depois da Comunhão, façam-se, se necessário, breves comunicações ao povo” (n. 166).

Portanto, “se necessário”. Deve-se evitar que sejam numerosas e enfadonhas. Não é hora de instruir o povo, nem de promover campanhas, nem de passar todo o planejamento das diversas pastorais da paróquia, ou de apresentar todo um planejamento de festas da Comunidade. Para isso, deve-se lançar mão de outros meios, como boletins, jornaizinhos da Comunidade, cartazes, rádio e televisão.

A plenitude, a saciedade exige reverência e profundo respeito, pois neste momento todos estão na dinâmica do repouso em Deus, do compromisso, do retirar-se “para retornar às suas boas obras, louvando e bendizendo a Deus”. Os fiéis respondem com fé ao envio de despedida Ide em paz e o Senhor vos acompanhe, com o Graças a Deus”, vamos fazer da vida uma ação de graças.


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Digo “bênção final”, pois, toda a Missa constitui uma grande bênção, no fundo, a maior de todas as bênçãos, o próprio Bem, Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Dos Ritos finais da Missa faz parte “a saudação e bênção do sacerdote que, em certos dias e ocasiões, é enriquecida e expressa pela oração sobre o povo ou por outra fórmula mais solene” (IGMR, n. 90b).

Antes da reforma promovida pelo Concílio, a bênção era dada depois do Ide em paz. A ordem atual é mais lógica. Saudação, bênção e despedida constituem um todo, cujos elementos não devem ser separados.

A bênção faz parte do encerramento de uma celebração. E quem abençoa é o sacerdote, como mediador do grande benfeitor, Jesus Cristo. Em toda a celebração, o sacerdote agiu em nome de Cristo e agora é também em nome da Santíssima Trindade que ele abençoa. Assim como ele abriu a celebração em nome da Santíssima Trindade, agora ele a encerra em nome da Santíssima Trindade. Nas bênçãos, o sacerdote age como mediador. Por isso, não se deve incluir. Ele não invoca a bênção, mas abençoa em nome de Deus Uno e Trino.

Possuímos três tipos de bênçãos para o encerramento da Missa:

A bênção simples: – “Abençoe-vos o Deus todo-poderoso…”

A bênção sobre o povo: Pode ser usada pelo sacerdote no fim da celebração da Missa, de uma Celebração da Palavra de Deus, no fim de uma Hora do Ofício Divino, ou da celebração dos Sacramentos. Antes da oração, o diácono ou o sacerdote pode convidar o povo a inclinar-se para receber a bênção. O sacerdote reza uma oração com as mãos estendidas sobre o povo, a que todos respondem “Amém”, e segue-se a bênção comum. Na última edição típica do Missal Romano são oferecidas “orações sobre o povo” próprias para todos os dias de semana do Tempo da Quaresma.

A bênção solene: Também ela pode ser usada, a critério do sacerdote, no fim da celebração da Missa, nas Celebrações da Palavra de Deus, nas celebrações do Ofício Divino ou dos Sacramentos. É usada, particularmente, nos domingos, solenidades e em Missas rituais. Também nesta forma de bênção o diácono ou o próprio sacerdote convida os fiéis a receberem a bênção. Em seguida, o sacerdote, de mãos estendidas sobre o povo profere a bênção em tríplice invocação e segue-se a bênção comum.

Duas observações finais.

Primeira: Não tem sentido fazer a exposição e a bênção do Santíssimo logo após a Missa. Aliás, isto está proibido no Ritual da Sagrada Comunhão e do Culto do Mistério eucarístico fora da Missa, onde se diz: “Proíbe-se a exposição feita unicamente para dar a bênção” (n. 89).

Segunda: Compreende-se pela tradição da piedade popular, mas não se justifica o costume de muitas pessoas, principalmente mães solícitas pelos filhos, dirigirem-se à sacristia e pedirem ao padre uma “bênção especial” para o filhinho ou a filhinha ou para si mesma. O padre vai ter compreensão e vai abençoar, mas aos poucos os fiéis deveriam superar esta mentalidade, pois a Missa como tal é a bênção por excelência e já temos a bênção de todos no fim da Celebração da Eucaristia.

É importante superar a mentalidade da religião de bênçãos do Catolicismo tradicional. Antes de invocar a bênção somos chamados a bendizer a Deus pelos benefícios, as bênçãos recebidas. Na bênção o ser humano está no centro, na bendição é Deus que está no centro. Neste caso, o próprio pedido de bênção se torna um louvor.